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Vinho de Alenquer para os cinco continentes

28/05/2019

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Em pouco mais de 20 anos, desde que reformulou as vinhas plantadas pelo seu bisavô, José Luís Santos Lima, que deixou a banca para se dedicar ao negócio da família, dignificou os vinhos da Região de Lisboa, fê-los subir de patamar, fê-los conquistar prémios e exporta 90% da produção para 50 países em cinco continentes. Este ano, a casa já produziu o equivalente a 20 milhões de garrafas.

“Digo o equivalente, pois uma parte é comercializado em bag-in-box, para os países escandinavos, mas também para os EUA e extremo Oriente”, explica Santos Lima, na sala cénica do núcleo habitável da herdade, que mescla o edificado original com o contemporâneo. A Boavista foi o ponto de partida da atividade da Casa Santos Lima e que lhe permitiu alargar a atividade a outras regiões, do Algarve, dos vinhos verdes, Alentejo e Douro, em terrenos alugados, ou por parcerias. Em absoluto, com as casas da Boavista e a Quinta do Conde, também em Alenquer, tem perto de 500 hectares. Os EUA é o principal mercado externo da casa. Segue-se a Suécia e o Reino Unido. Para ali seguiu, em 1996, após a colheita de 95, a primeira exportação da nova fase da Companhia das Vinhas. Agora, a China já entrou para o top-5 das vendas. “Não foi uma opção, foi acontecendo. Aproveitámos bem o facto de não haver tantos vinhos portugueses como os há hoje nos mercados externos. Havia tanto desconhecimento quanto curiosidade pelo tipo de vinho que começámos a produzir, frutados, fáceis de beber. Fomos sendo bem acolhidos, com boa imprensa, com destaques e alguns prémios conquistados. Isso suportou a marca da casa e a própria imagem dos vinhos portugueses”, historiou.

Temos que continuar a supreender, com novos tipos de produtos e caraterísticas, mais frutados, ou com mais estágio em madeira e mais estrutura. Temos para cima de 200 referências vínicas, com castas maioritariamente nacionais, mas sem pruridos em utilizar as estrangeiras - “dão-se bem na região”, diz o gestor, que não se diz inebriado com tais galardões: “Obviamente que ter o troféu de melhor vinho português é interessante, mas há vinhos muitos bons, de outras empresas, que não têm esse tipo de prémios. Simplesmente, nem concorrem.”

Tamanha demanda por estes vinhos requer mais uvas, mais vinho. Terreno existe, mas as licenças são entrave.” Ela chega da China. José Luís Santos Lima explica que há obstáculos: “Não podemos plantar tudo o que queremos. A UE condiciona a plantação, pois só permite plantar, todos os anos, o equivalente a 1% da superfície vitícola nacional, que é de 1900 ha, o que não chega sequer para repor a mortalidade natural das plantas. E também é pouco porque alguns dos critérios de atribuição dessas licenças dão excessivo peso aos jovens agricultores e associações de produtores, que nem sempre utilizam os direitos que lhes são concedidos. Este ano estamos a acabar de plantar nos vinhos verdes e no Douro, mas sobretudo aqui, em Alenquer, perto de 500 hectares.”

 

MAIS UVAS, MAIS MÁQUINAS

Homens e mulheres acabam a faina e vão regressando ao centro da herdade. Regressam, também, os pulverizadores, mantém-se a preparar o solo um T7.290 com grade e rolo. Fora da quinta, um velho Fiat 604 de lagartas despedregava o solo para preparar nova plantação. Uma marca precursora da New Holland, como são todos os outros tratores da casa, frutos da longa relação com a Auto Agrícola Sobralense. São 14 ao todo, só na casa da Boavista. O mais recente é um T4 N, com 100cv. Há duas máquinas de vindimar e muitas alfaias, fornecidas pela Sobralense: trituradores, escarificadores, chísel, podadoras, despampanadeiras, levantadoras de sebe, intercepas, mobilizadoras de linha.

A maior procura por estes vinhos requer grandes meios, com uma particularidade: o parque de máquinas não está a ser renovado, mas tão-só aumentado. E a prova dissomesmo é que, após o encontro com abolsamia, José Luís Santos Lima haveria de finalizar com a Sobralense novas aquisições - dois tratores T4 100N cabinados, dois trituradores TMC Cancela, dois pulverizadores pneumáticos Stagric, duas grades rápidas Agromet e uma cisterna de 5000 litros da Herculano.
Sucedem-se, pois, os acordos para compra de uvas em todas as regiões para complemento de produção, para além das uvas próprias. “Continuamos a crescer a um ritmo superior à capacidade que temos de plantar. Mesmo que pudessemos plantar sem restrições não teríamos mão-de-obra suficiente para plantar mais que 100 hectares por ano. Tal escassez de mão-de-obra faz com que a empresa continue a apostar forte no reforço do parque de máquinas.

No final dos anos 90 plantámos todos os anos novas áreas com novas castas, saímos um pouco das castas comuns na região e em 1996 lançámos o primeiro vinho da colheita de 1995 na nova adega, com vinhas bem plantadas e mecanizadas. Todo o parque agrícola foi novo, até à máquina de vindimar. Terá sido das primeiras máquinas do género em Portugal e vinha aqui gente para ver a máquina a trabalhar. Era da Sobralense, uma Braud 2420. Hoje já as temos mais sofisticadas. Agrada-nos o fornecedor e o fabricante, a assistência e o apoio fornecidos. Até mesmo as relações pessoal e comercial.”

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