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Mais e melhores pastagens carecem de mais investigação

29/07/2019

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Em meados de maio não deveria ser tão difícil suportar o calor matinal, mesmo se no interior alentejano. Pois o Dia do Agricultor do INIAV foi um desses dias, que nos campos da Estação de Melhoramento de Plantas de Elvas, um dos pólos daquele instituto de investigação, com o sol a pino, chegou a ser indecoroso. E propósito ali se falou de alterações climáticas e da multiplicação de projetos e ensaios para a melhoria de plantas e variedades mais resilientes e pela melhoria da produtividade dos solos.

Isso, e muito mais, está a ser feito em Elvas. A abolsamia também por ali andou, observou as múltiplas parcelas de ensaios de experimentação onde se verificam os comportamentos de novas espécies para o Catálogo Nacional de Variedades, sejam de sequeiro ou de regadio, gramíneas, leguminosas, ervilhacas, para que depois sejam disponibilizadas aos agricultores. Verificam os técnicos se as plantas estão em stresse hídrico, trabalham a genética, criam variedades e detetam os perigos, os excessos de água (ou a falta dela) e calor, as plantas invasoras, os “predadores”. No caso concreto da zona de Elvas, lamentou-se como os pombos destroem grande parte das plantações de ervilhas...

 


Mais pastagens e melhores forragens
Um outro projeto em desenvolvimento – a que abolsamia já fez alusão na edição anterior – também esteve em destaque, o que estuda a intensificação sustentável da produção de forragens em sistemas extensivos de produção animal, “MechSmart Forages”.

Numa análise geral, adiante descrita por Nuno Canada, presidente do INIAV, comporta duas grandes dimensões: a social, segundo a qual a produção animal em regime extensivo é fundamental para a fixação de pessoas em muitos territórios; a económica, pois se cada vez há menos meses de pastagem disponível torna-se imperativo trabalhar forragens que permitam ao produtor ter alimento conservado para suplementar nas alturas necessárias.

O investigador Luís Alcino da Conceição, professor do Instituto Politécnico de Portalegre e da Escola Superior Agrária de Elvas, líder do projeto, enfatiza a questão primordial: os ganhos agronómicos, ambientais e energéticos pelo uso integrado de tecnologias de conservação e de precisão. Estas passam pela condução das culturas forrageiras através de sementeira direta, e a segunda através de técnicas do uso de instrumentação e de monitorização. Tudo está a acontecer numa parcela da Herdade Experimental da Comenda, também em Elvas, com 147 cabeças de Associação de Criadores Bovinos Mertolengos.


Digitalizar, monitorizar
De forma simplista, poder-se-á dizer que certo tipo de agricultura, “a olho”, tem os dias contados, para que não se corra o risco de ter uma conta de cultura demasiado elevada, insustentável para a exploração. Torna-se imperativo, em regiões extensivas onde o calor é mais intenso, ter alimento suplementar para o gado, quando a água escasseia, quando a temperatura sobe acima do normal, verificar o teor de água no solo, poder, por isso, programar a rega e receber alertas no telemóvel para uma necessidade de intervenção. Sem esquecer que a compactação do solo é inimiga da melhor forragem e de um maior volume de biomassa verde, que deve ser vigiada, eliminada a infestante, para que não se deteriore e perca o valor nutricional.

Luís Alcino destaca, também, a possibilidade de se cruzar informação relevante sobre o percurso dos animais, o que comem, onde comem, o seu peso, mesmo o controlo do ciclo reprodutivo. Monitorizar terá que entrar no dia-a-dia do gestor agrícola. Em última análise, diz o professor, “nos últimos anos tem havido grande volatilidade dos preços dos fatores de produção. Uma coisa é o animal vir comer à pastagem, outra é termos que a produzir e os preços têm variado muito. Temos, por isso, que continuar a estudar para criar sistemas eficientes de produção de forragens.”
O projeto está em fase de consolidação de resultados, e os indicadores têm revelado dados interessantes. Para referências do mesmo: http://mechsmartforages.ipportalegre.pt

 

Incentivos ministeriais

Os ministros, da Agricultura e da Ciência, respetivamente Capoulas Santos e Manuel Heitor, também foram ao pólo de Elvas do INIAV. Basicamente, para enaltecer o trabalho que ali se faz e para incentivar mais e melhores resultados através do reforço de dotações para este e outros centros de conhecimento.

Manuel Heitor anunciou que em Elvas será instalado um laboratório que procurará soluções para uma agricultura capaz de responder às alterações climáticas, investimento de 2,4 milhões de euros para equipamentos e melhoramentos de instalações e contratação de cientistas.

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