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Firmino Cordeiro: “Setor agrícola necessita de muita estabilidade e da máxima concentração”

11/01/2023

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Os problemas que se colocam à agricultura portuguesa foram abordados no início de mais um ano civil pela Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP) e, para o Diretor-Geral Firmino Cordeiro, 2023 promete apresentar dificuldades várias. Reconhecendo ter recebido "com surpresa" a demissão de Rui Martinho, ex-secretário de Estado da Agricultura, Firmino Cordeiro prefere deixar as polémicas para comentadores e políticos mas admite que Portugal não se tem concentrado nos temas que necessita de se focar para crescer.

“Os tempos que atravessamos são difíceis e exigem muito mais atenção e foco do Governo para este setor, talvez dos poucos com provas dadas nos últimos tempos de resiliência, com aumentos de produtividade e com números cada vez mais interessantes nas exportações portuguesas. Uma coisa é certa, este setor necessita de muita estabilidade e da máxima concentração no que tem de fazer, nomeadamente preparar e implementar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum que temos em curso desde o início de janeiro, e infelizmente estamos a perder demasiado tempo com estes mexericos”, confessou, deixando, ainda assim, elogios a Rui Martinho e Carla Alves, que esteve no cargo apenas 26 horas: "[Rui Martinho] é um excelente técnico. Razões Razões de saúde são sempre superiores à nossa vontade, pelo que demonstro aqui a minha admiração pelo seu empenho enquanto cumpriu funções de governação. [Carla Alves] é uma pessoa do setor, com formação superior na área, desempenhou tarefas interessantes na defesa de causas nobres da agricultura transmontana, antes de ocupar o cargo de Diretora Regional de Agricultura do Norte”.

O responsável por esta instabilidade na liderança do setor está, na opinião do Diretor-geral da AJAP, bem identificado. “Quem convida tem responsabilidades, pois devia ter mais informação. Quem aceita devia fornecê-las, e o que verdadeiramente aconteceu só os intervenientes sabem. São situações de enorme desgasta para quem as gere mas todas estas falhas do Governo não são muito normais, e o primeiro-ministro devia pedir desculpa aos portugueses que lhe deram a maioria e, humildemente, refazer e reestruturar com critério e responsabilidade todo um Governo que tem fragilidades e muitos rostos do passado recente”.

Firmino Cordeiro recorda ainda que as vendas diretas e os circuitos curtos de comercialização “têm de ser mais apoiados” e avisa que “uma percentagem significativa dos portugueses está a retomar hábitos de comprar produtos locais, sem percorrerem grandes distâncias para chegar às suas casas, quase sem intermediários”.

“Governo não tem dado a devida atenção ao setor”
Sobre os desafios que enfrenta atualmente a tutela, o Diretor-geral da AJAP considera que o Governo “não tem dado a devida atenção a este setor, [nomeadamente nas] ajudas aos agricultores para atenuar os inúmeros problemas criados pelas recentes crises”, como a Covid-19, a seca, a guerra na Ucrânia e aumentos de preços nos combustíveis,  nos fatores de produção (sementes, rações, fertilizantes e pesticidas) e na energia.

A finalizar, Firmino Cordeiro compara o cenário da agricultura em Portugal com o do país vizinho. “Se compararmos com o que o Governo de Espanha tem feito junto do setor ficamos muito, mas muito aquém da celeridade com que os agricultores espanhóis recebem apoios, alguns diretos na compra de fatores de produção, como combustíveis e energia. São os nossos concorrentes mais diretos e estamos sempre a competir bem abaixo do nível mínimo aceitável quando queremos exportar e fazer negócios. [Aqui] é tudo mais caro, temos menos lucro, margens miseráveis, por vezes até negativas e, claro, neste cenário vamos continuar a assistir ao fecho de portas de muitas explorações”, conclui.

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