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Jan/set 2023: Primeiros sinais de retoma

13/11/2023

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Primeiros sinais de retoma
O mês de setembro, especialmente a segunda quinzena, trouxe uma melhoria ao mercado de matrículas de tratores agrícolas, pois a procura aumentou e os números de registos cresceram, mesmo que o balanço se situe nos 21,3% negativos em relação ao período homólogo do ano passado. Ainda que os stocks continuem elevados, a procura, motivada pelo novo plano de abate de tratores, cresceu e a tendência é de crescimento até ao final de 2023, havendo já boas perspetivas para 2024.

Setembro chegou ao fim com 3.577 tratores matriculados no ano, menos 968 (-21,30%) do que em igual período de 2022 (4.545) e, ainda que a melhoria tenha sido curta em relação a agosto, a segunda quinzena do mês já trouxe bons sinais: a procura aumentou, em função do novo plano de abate de tratores – Governo aprovou a renovação de mais de 2.500 candidaturas de tratores agrícolas – e os primeiros sinais de retoma animam os principais players. “Deu-se já aqui uma inversão do cenário que existia em agosto. Não quer dizer que os stocks não continuem ainda elevados, mas aumentou a procura em setembro e o crescimento em outubro será ainda maior. É uma tendência positiva no mercado para a reta final do ano e arranque de 2024”, explicou Arnaldo Caeiro, diretor-geral da SDF Portugal.

Desta forma, os números que ainda se situam acima da barreira dos 20% negativos deverão ter uma melhoria considerável no último trimestre do ano. “O mercado vai continuar a recuperar em outubro e perspetiva-se que a quebra possa vir a situar-se nos -15% no balanço de 2023. 2024 será, certamente, melhor do que este ano e só não terá uma subida mais forte devido aos constrangimentos que ainda afetam os agricultores, nomeadamente a inflação, que ainda se mantém elevada, o preço dos combustíveis e o preço do dinheiro: o custo dos financiamentos continua alto e a dificuldade de obter crédito para adquirir o que quer que seja é muito grande”, resumiu Arnaldo Caeiro.

Este cenário que aqui descrevemos já tinha sido previsto por Nuno Santos, diretor-comercial do Entreposto Máquinas, a abolsamia em agosto. “O plano de abate que o Governo lançou perto do verão foi menos influente do que o do ano anterior e “só será percetível nos números de setembro ou outubro”, disse, na altura. Esse novo plano foi aprovado e o efeito foi o mais desejado para que as marcas consigam escoar o stock elevado de que ainda dispõem: o aumento da procura. “É uma subida do mercado em termos orçamentais para 2024 e a melhoria deverá manter-se no próximo ano”, finalizou Arnaldo Caeiro.

Nota: Expurgámos os ATV e UTV homologados sob a categoria T e os Telescópicos. | Origem: IMT / Fonte: ACAP

Marcas
O cenário de quebra geral ainda se mantém: destacam-se a LS e a Branson nas 15 primeiras marcas, uma vez que são as únicas que apresentam crescimento em relação ao mesmo período do ano passado. Entre as dez marcas com mais unidades matriculadas, a Kubota continua a registar o maior decréscimo em relação ao período homólogo do ano passado: -39,28% enquanto a Solis mantém a liderança e amenizou ainda mais a sua quebra, a qual se situa agora em -4,14%, sendo que as seis marcas abaixo registam todas quebras acima dos 18%. Quanto às quotas de mercado dos cinco primeiros, só a Solis melhorou enquanto a John Deere e a Deutz-Fahr mantiveram-se na mesma casa percentual. Já a New Holland e a Kubota desceram 2 pontos percentuais.

Unidades vendidas por escalão de potência
Nos segmentos de potência mais vendidos, a quebra ainda acontece em quase todos os escalões de potência – principalmente no 51-120cv – e só no >200cv é que o crescimento se mantém: nos primeiros nove meses de 2023 foram matriculados 88 tratores, ou seja, 97,7% do total de 2022 (90) e mais 28 do que em igual período do ano transato. Ou seja, nos quatro meses que faltam deste ano, o número de matriculados neste escalão vai ultrapassar claramente os números do ano passado, provando que a aposta do agricultor se centra agora em tratores de elevada potência, de forma a poder dar uma resposta cada vez mais eficiente nos terrenos, também eles, cada vez com maiores áreas para cobrir. No escalão <50cv, a queda é de 45 tratores, mas onde se verifica a maior descida de matriculados é no 51-120cv: a 30 de setembro deste ano foram matriculados menos 908 tratores agrícolas do que em igual período de 2022, sendo este um setor que já engloba os agricultores profissionais. Mesmo no setor 121-200cv existe uma quebra de 39 tratores.

Marcas e modelos mais vendidos, classificados por segmentos de potência
Segundo os dados do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), a Solis foi a marca que matriculou mais tratores nos primeiros nove meses de 2023 (579) e também a que detém os dois modelos mais vendidos. O destaque da marca indiana este ano tem sido o 26 9+9 M5, o qual teve 262 unidades matriculadas, ou seja, 45,25% do total dos registos da Solis. Contabiliza mais 82 unidades do que o Solis 26 4WD Stage V e supera o Farmtrac 26 4WD, o terceiro da lista, em 154 unidades. Quanto às marcas líderes nos diferentes escalões de potência, a Solis prolongou o domínio <50cv, com 548 tratores matriculados novos, mais 377 do que a Kubota. No escalão 51-120cv, a New Holland ‘disparou’ na frente, chegando aos 311 tratores matriculados, mais 118 do que a principal concorrente Deutz-Fahr. Já nas potências mais elevadas, a John Deere sobressai nos 121-200cv, matriculando quase o triplo (94) da Valtra (32). Mas os finlandeses ainda levam a melhor na potência >200cv: registam 29 tratores matriculados, mais 3 do que a marca do veado. Se olharmos para os modelos mais matriculados para o setor profissional (+100cv) nestes primeiros cinco meses do ano, destacam-se um trio da John Deere – 6120M (30 unidades), 6155M (19) e 6130M (9) – além do Massey Ferguson 5713M (11).

 

Reboques
O mercado dos reboques agrícolas regista, no final de setembro, uma quebra de 14,8% em relação ao período homólogo do ano passado. Olhando para o quadro, salta à vista a quebra da Herculano – menos 111 reboques matriculados – uma tendência que afeta quase todas as grandes marcas, exceção feita à Joper e Rates. O cenário que se nos apresenta – mercado estagnado e excesso de stock para escoamento – explica uma quebra que tem vindo a aumentar à medida que o ano de 2023 caminha para o seu fim e a tendência, como João Montez, diretor comercial da Ja&ma Reboal, já frisara em setembro é que assim se mantenha até ao final de dezembro. A prioridade das marcas continua a ser escoar o stock alargado que construíram há vários meses para que depois, com a entrada de 2024, possam ser efetuadas novas encomendas de reboques.

CF Moto continua a crescer nos ATV e UTV
Numa análise ao mercado de vendas de ATV’s (Veículos todo-o-terreno) e UTV’s (Veículos utilitários multitarefas) nos primeiros nove meses de 2023, continua a sobressair o crescimento revelado pela CF Moto. Nos ATV, o crescimento tem sido progressivo em relação ao período homólogo do ano passado e situa-se agora acima dos 50% - a 31 de agosto de 2022 havia matriculado 294 veículos e agora fê-lo com… 457 – ainda que a Linhai mantenha a aproximação (428 matriculados). Já nos UTV, continua a alargar a distância para a BRP pois, em setembro, matriculou o dobro do concorrente mais direto (18/9), chegando aos 168 veículos ao fim dos primeiros nove meses de vida, em comparação com os 129 da BRP: recorde-se que em setembro do ano passado, a BRP havia matriculado 88 veículos e a CF Moto ficara perto, com 85. No geral, os registos de UTV atingem os 524 no fim de setembro (+27,49% em relação ao período homólogo de 2022), enquanto nos ATV os matriculados ascendem aos 1.350, conseguindo pela primeira vez este ano superar os 1.348 (+0,65%) registados a 30 de setembro de 2022.



Quebra de 16,89% no mercado em Espanha
O Ministério de Agricultura, Pesca e Alimentação (MAPA) de Espanha divulgou os dados relativos ao registo de tratores agrícolas no país nos primeiros nove meses de 2023 e a quebra continua a aumentar a cada mês do ano, situando-se agora em -16,89% em relação aos números verificados em setembro do ano passado. Foram matriculados 5.979 tratores agrícolas entre 1 de janeiro e 30 de setembro, menos 1.215 do que os 7.194 matriculados no mesmo período de 2022, segundo a Revista espanhola Profesional Agro.

Se nos cingirmos apenas ao mês de setembro, a quebra aumenta quase para o dobro: -29,70%, pois foram matriculados 625 tratores, menos 264 do que em 2022 (889). Referência ainda para os reboques - um mercado que a referida publicação apelida de “montanha russa”, devido aos altos e baixos que apresenta -, onde se registou uma subida de 6,5% no mês de setembro (em relação a setembro de 2022), ainda assim insuficiente para evitar a queda de -1,37% no balanço geral dos primeiros nove meses de 2023.

Já contabilizando o universo total de maquinaria agrícola em Espanha entre janeiro e agosto deste ano, os dados são igualmente negativos mas aqui, já de forma totalmente residual: os registos oficiais revelam 23.084 unidades matriculadas, menos 0,53% do que as 23.206 entre janeiro e setembro de 2022.

Barómetro de negócios da Associação Europeia de Maquinaria Agrícola (CEMA)
Outubro de 2023 – Clima empresarial em recessão

O índice geral do clima de negócios para a indústria de maquinaria agrícola na Europa permanece em território negativo, mostrando poucas alterações em relação a setembro, após as descidas acentuadas dos meses anteriores. Em outubro, o índice passou de -31 pontos para -32 pontos (numa escala de -100 a +100).

O inquérito confirma, mais uma vez, que os concessionários, clientes diretos dos fabricantes, não são capazes de transmitir as suas numerosas encomendas aos clientes finais e, portanto, passaram de uma escassez de oferta para um excesso de oferta recorde. De acordo com a pesquisa, os stocks dos concessionários são agora na maioria dos mercados europeus superiores aos do ano de 2019, que entrou para a história devido aos elevados níveis de stock dos concessionários. Assim, não existe um único mercado europeu para o qual a maioria dos participantes no inquérito teria expectativas positivas sobre o volume de negócios. As descidas mais fortes são esperadas para os mercados da Europa Central e Oriental. A França continua à frente da Alemanha no ranking de mercado.

Apenas 20% dos participantes no inquérito fazem uma boa avaliação do negócio atual, perto de 60% preveem que o seu volume de negócios diminua nos próximos seis meses e, tendo em vista a próxima entrada de encomendas (indicador que não é considerado no cálculo do índice geral do barómetro), quase 70% esperam novas quebras.

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