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Herculano, tempos de inovação

20/10/2017

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A par desta renovação, a Empresa está a introduzir novas metodologias no seu processo de fabrico para conseguir “ganhar flexibilidade, consolidar a presença nos mercados atuais e  crescer internacionalmente” como nos disse Ricardo Teixeira, membro do Conselho de Administração da Herculano, numa visita que fizemos à fábrica da Herculano.

 

A Herculano é uma das 22 empresas que integra o Grupo Ferpinta. O seu fundador, o Comendador Fernando Pinho Teixeira, mantém ainda a sua atividade nas empresas que se dividem por três áreas distintas: o aço, a agricultura e o turismo.

 

Entrevista a Ricardo Teixeira, membro do Conselho de Administração da Herculano

Como se enquadra atualmente a Herculano no Grupo Ferpinta?
A Herculano é uma das 22 empresas que integra o Grupo Ferpinta. O seu fundador, o Comendador Fernando Pinho Teixeira, mantém ainda a sua atividade nas empresas que se dividem por três áreas distintas: o aço, a agricultura e o turismo.
Orgulhamo-nos de constatar que o Grupo Ferpinta é hoje uma instituição de referência no setor metalomecânico europeu, reconhecida pelos elevados padrões de qualidade de produto, serviço e dinâmica comercial. Esta posição de referência deve-se sobretudo à competência, dedicação e experiência dos seus colaboradores. Reflexo disso mesmo é o facto de ter sido considerada uma das 20 melhores empresas em Portugal e a melhor no seu setor.

Recentemente, a Herculano apresentou a sua nova imagem corporativa, assente na máxima “Consigo no terreno”. Em que se projeta, na prática, esta mudança?
Partimos de um inquérito aos clientes e de uma auscultação ao mercado, e percebemos que  há a necessidade de apostar cada vez mais no serviço e na relação de proximidade com o cliente, e alinhar a estrutura da empresa com esta visão: a nossa proposta de valor é estar ao lado dos agricultores apresentando produtos fiáveis e serviço de qualidade, onde a liderança será uma consequência natural. Esta estratégia passa por consolidar a presença nos mercados atuais e crescer internacionalmente; e em simultâneo, trabalhar para uma melhor gestão dos recursos para apresentarmos as melhores soluções aos nossos clientes. Nesse sentido, estamos a implementar novas metodologias no processo de fabrico.

Com esta nova filosofia vamos produzir por encomenda para podermos reduzir os stocks e os prazos de entrega. Ao nível da produção, teremos mais produto em pré-acabamento, e mais peças em armazém para podermos responder de forma mais rápida aos pedidos. Até porque o mercado está a exigir cada vez produtos mais complexos, com mais opcionais, e era impossível ter um stock extensivo a toda a nossa gama de produtos. A ideia é ganhar flexibilidade, qualidade e serviço.

Qual o investimento da empresa em I&D?
O foco do investimento é essencialmente na forma como processamos a informação recebida do mercado e a transportamos para o produto.
E desta forma a empresa utiliza uma metodologia própria de criação de um novo produto desde a ideia, estudo do mercado e conceção no qual são envolvidos todos os departamentos com etapas de planeamento bem definidas no tempo e em conteúdo no qual recebemos não só inputs internos como externos do mercado, clientes e parceiros com um contributo fundamental durante toda a fase de criação, investigação, conceção e testes.

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Quais são os vossos principais mercados de exportação?
Atualmente exportamos cerca de 70% da nossa produção, sobretudo para Espanha, mas também para França, Bélgica, Roménia e Bulgária. Também exportamos para o mercado neozelandês e para vários países do continente africano – Angola e Moçambique, onde já estamos há 25 anos, Argélia e Marrocos. Reforçámos recentemente a equipa comercial para estarmos presentes nos países de África inglesa e francesa. As estruturas Ferpinta Angola e Ferpinta Moçambique permitem suportar toda a logística dos mercados envolventes, temos o stock e a assistência pós-venda, por isso podemos ser competitivos e prestar um melhor serviço.

Em termos de produto, em Espanha vendemos basicamente o mesmo tipo de produtos que em Portugal, reboques, grades e cisternas; nos restantes mercados europeus destacam-se principalmente os reboques. O nosso objetivo para os próximos dois anos é consolidar os mercados onde estamos e continuar a crescer na Europa.

Nos reboques, quais são as tendências de fabrico seguidas pela Herculano?
O nosso plano no âmbito dos reboques segue a tendência da internacionalização e é desta forma que a empresa tem crescido nos últimos anos. Temos apresentado reboques com maior carga útil, rodas de maiores dimensões, eixos auto-direcionais e direcionais forçados, travagem mista ou pneumática, tudo soluções que permitem poupança de combustível e um aumento de rentabilidade em trabalho.
Paralelamente, a equipa procura olhar a longo prazo e neste campo temos um parceiro estratégico que, em conjunto, nos permitirá apresentar equipamentos que serão pioneiros no mercado
.
Devido à nossa flexibilidade de adaptação do produto aos mercados, conseguimos apresentar soluções condizentes com as necessidades mas com valor acrescido, queremos distinguir-nos pela qualidade, robustez, eficiência e preocupação ambiental. Somos hoje reconhecidos no mercado europeu como um dos maiores fabricantes de reboques.
 

"Somos hoje reconhecidos no mercado europeu como um dos maiores fabricantes de reboques"
 

Reboques-cisternas: é sentida uma aposta neste produto, como a caracteriza?
As cisternas são atualmente um dos produtos mais populares da Herculano e têm vindo a adaptar-se às exigências cada vez maiores do mercado.
Preservamos a simplicidade e operacionalidade apresentando diversas soluções e opções extra, como bombas Garda e sistema de vazio total, aplicadores Vogelsang, eixos ADR, bombas Jurop e Bationi.
As capacidades das nossas cisternas vão desde 3.000 a 24.000 litros, e de acordo com estas capacidades os eixos podem variar de simples, 
boggie, tandem ou tridem. Também existe uma diversidade de rodas e pneus, desde roda 32 e pneu 600, permitindo não exceder a circulação legal e fornecer ao agricultor um produto que se adapte às suas necessidades e aos diferentes terrenos, (húmidos, secos, planos e inclinados).

A sua construção reflete uma preocupação cada vez maior com o conforto do operador, facilitando as operações e o manuseio e permitindo uma maior economia de combustível: foram aplicadas tecnologias como eixos direcionais forçados, suspensões hidráulicas, braços com aceleradores de carga e comandos multifunções hidráulicos.
Visando a proteção do meio ambiente, as nossas cisternas equipam com um sistema de distribuição localizada do chorume, que é distribuído no solo a baixa pressão, reduzindo substancialmente as perdas de azoto, os aerossóis, e a proliferação de odores devido à incorporação direta no solo em vez da distribuição por aspersão.

Prevê vir a fabricar algum tipo de reboque que ainda não tenham?
A curto prazo, iremos apresentar um novo reboque com foco na exportação, que será uma novidade no mercado.

No SIMA de Paris, a Herculano apresentou um corta-milhos desenvolvido em parceria com um cliente francês. Qual é a abertura da marca para este tipo de iniciativas “taylor-made”?
A nossa iniciativa é total para este tipo de parcerias pois também nos permite aprender e estender este conhecimento para os nossos produtos. Este equipamento nasce de um trabalho de investigação e desenvolvimento de 10 anos em parceria com a marca austríaca Pottinger que aproveita o know-how da Herculano para desenvolver e contruir alguns dos seus produtos.

O olival, a vinha e a fruta são sectores que continuam a crescer na Península Ibérica. Que planos e que novos produtos têm em projeto para estas áreas?
Decorrente do que é a nossa estratégia de apresentar um portfólio completo ao cliente, desenvolvemos um equipamento direcionado para pomares, vinha e olival. Trata-se de um espalhador de estrume/composto que trabalha localizado na linha, com velocidade regulável.  É um equipamento que se encontra em fase de testes e está prestes a ser apresentado no mercado em resultado de um trabalho rigoroso da equipa Herculano.

Têm atualmente outras parcerias empresas estrangeiras ou nacionais?
Procuramos parcerias com entidades que acrescentem valor à nossa estrutura e aos nossos produtos. Nesta linha, e porque queremos estar na liderança, celebrámos recentemente um acordo com um parceiro de investigação e tecnologia, que  divulgaremos na altura certa, e que nos permitirá lançar para o mercado verdadeiras inovações no setor e apostar em equipamentos com ferramentas de apoio à decisão do utilizador numa perspetiva de rentabilidade e precisão.
Num outro âmbito, que reflete a preocupação da Herculano com o meio ambiente, mantemos também uma parceria com uma empresa alemã que nos fornece tintas de base aquosa, isentas de COV’S, não poluentes.
 

"No 1º trimestre de 2017 recebemos tantas encomendas como no total do ano passado, em Portugal e Espanha."
 

O aço utilizado na construção das alfaias e equipamentos é um dos principais fatores a que o agricultor presta atenção no momento da compra. Esse aço é todo proveniente da empresa do Grupo Ferpinta?
O principal negócio do Grupo Fertpinta é o aço, transforma cerca de 300 a 350 mil toneladas de aço por ano e é o principal fornecedor da Herculano. Na construção duma alfaia, o peso do aço ronda os 60%, uma parte desse volume é fornecido pela Ferpinta que possui um apertado controlo laboratorial da matéria-prima rececionada e de todo o processo; tudo o que a Herculano compra ao exterior passa pelos laboratórios da Ferpinta para testar e garantir a qualidade (discos das grades, correntes, etc.).
Sendo a Ferpinta a nossa casa mãe e líder no seu setor com reconhecimento em todo mundo, é para nós um fator competitivo na garantia de qualidade que incorporamos no produto.

Que visão tem sobre a evolução do mercado de implementos e reboques em Portugal? E numa perspetiva global?
Os nossos clientes procuram produtos capazes de responder às exigências do seu trabalho e que lhes tragam rentabilidade, com um serviço próximo e eficaz. Portanto, o caminho dos implementos vai seguir naturalmente a tendência tecnológica, com uma maior incorporação de eletrónica e robótica assente na procura de maior produtividade de controlo, transporte e deposição. O nosso departamento de inovação e investigação está orientado para desenvolver produtos que respondam a este desafio da precisão e da conservação do solo, aliado a sistemas intuitivos de controlo e ação no terreno.

Em termos de vendas, globalmente é notória uma melhoria no mercado como comprovam os recentes barómetros do CEMA, com a previsão de tempos animadores, mas sem grandes acentuações. Especificamente em Portugal e Espanha, os nossos principais mercados, o ano passado foi muito positivo, em Espanha foi mesmo o melhor de sempre. No primeiro trimestre deste ano já tivemos tantas encomendas como no total do ano passado, muito por via dos projetos.
Embora também estejamos a crescer em outros produtos, é nos reboques que somos mais reconhecidos, nomeadamente em Espanha onde já temos três comerciais no terreno.
Temos tido um crescimento muito acentuado nas cisternas, um produto a que o cliente reconhece qualidade ao nível das melhores marcas. É um mercado onde há pouca concorrência, pelo menos ao nosso nível. Temos crescido a reboque do que o mercado nos exige, paralelamente com um plano estratégico de antecipação de necessidades e inovação no mundo agrícola.
Atualmente, exportamos cerca de 70% e, parte da produção destina-se a grandes marcas de tractores e equipamentos agricolas.

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