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Ano 2023 abre em queda

03/04/2023

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Forte quebra no arranque de 2023

A quebra esperada por todos em 2023 faz-se sentir logo no início do ano: até ao fim de fevereiro, foram matriculados 787 tratores agrícolas, um número bem inferior aos 1219 registados no final do mesmo mês do ano passado. O mês de janeiro já havia apresentado uma queda superior a 20% que se acentuou consideravelmente no segundo mês do ano. O alto custo das matérias-primas agrícolas – em Portugal foi mesmo superior à média da União Europeia em 2022 – aliado ao preço elevado de fertilizantes, adubos e rações bem como ao aumento do preço da energia têm condicionado o mercado e deixado os agricultores perante um cenário de incerteza em relação ao futuro. A necessidade de apoios a nível governamental é, assim e cada vez mais, uma urgência para que as empresas do setor agrícola consigam revitalizá-lo no decorrer deste ano.

Medidas como “o apoio à modernização dos meios de produção: mecanização agrícola mais eficiente e sustentável, bem como o incentivo à agricultura 4.0 e a todos os sistemas de apoio e monitorização da produção” ou o “retomar do programa de incentivos ao abate de tratores antigos e o aumento do valor elegível para investimento em máquinas e equipamentos agrícolas” foram algumas das medidas apontadas pelos especialistas na edição 135 d'abolsamia como devendo ser prioritárias para o Governo.

Nota: Expurgámos os ATV e UTV homologados sob a categoria T e os Telescópicos. | Origem: IMT / Fonte: ACAP

Marcas
A Solis volta a arrancar em força em 2023: no final de fevereiro, matriculou  203 tratores (219 em fevereiro de 2022) e disparou a sua quota de mercado para 25,79%, ainda que só tenham decorrido dois meses, quando havia terminado 2022 com 12,24%. Na segunda posição, surge a Kubota mas o fosso é evidente: 79 tratores matriculados contra 134 na mesma altura de 2022 e uma quota de 10,04%. Entre os restantes cinco primeiros – todos com quebras em relação ao mesmo período do ano passado e com quota de mercado inferior a 10% -, destaque para as quedas acentuadas de John Deere – 37 tratores matriculados contra 95 em 2022 – e New Holland, que até ganhou o ano, mas matriculou 62 tratores quando, em fevereiro de 2022, registara 145. Alargando a análise aos dez primeiros, só a LS matriculou mais nos primeiros dois meses em relação ao ano passado e a Farmtrac registou menos um (36/37).

Unidades vendidas por escalão de potência
Analisando os segmentos de potência mais vendidos, há uma inversão nestes primeiros dois meses de 2023, proporcionada pela Solis: depois de ter sido preponderante durante quase todo o ano de 2022, o escalão 51-120cv (294 tratores) vê-se ultrapassado pelo < 50cv (418) – 53,1% dos matriculados - situação que poderá inverter-se novamente caso o Governo avance para nova política de Renovação do Parque de Tratores Agrícolas, uma das medidas pedidas pelos agricultores. Nos segmentos de maior potência, o de 121-200cv situa-se nos 6,6% e a John Deere lidera os registos, enquanto o >200cv chega aos 2,9% e atinge a média de 11,5 tratores em dois meses, quando a média no total de 2022 se ficou pelos 7,5.

Marcas e modelos mais vendidos, classificados por segmentos de potência

Segundo os dados do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), entre janeiro e fevereiro de 2023, foi a Solis que matriculou mais tratores e que contou com o modelo mais vendido: o Solis 26 9+9 Stage V registou 85 unidades transacionadas (no final deste fevereiro, este modelo representa 41,87% do total dos modelos Solis), contabilizando mais 23 unidades do que o... Solis 26 4WD Stage V (modelo mais matriculado de 2022) e mais 59 do que o Farmtrac 26 4WD, terceiro modelo mais matriculado no fim de fevereiro. Quanto às marcas líderes nos diferentes escalões de potência, a Solis entrou em força no escalão abaixo de 50cv, com 185 tratores matriculados novos, mais 145 do que a Kubota. No escalão 51-120cv, a Deutz-Fahr destronou a New Holland, ganhando no sprint final: 51 matriculados contra 50. Já nas potências mais elevadas, a John Deere lidera nos 121-200cv, com 18 matriculados, mais 11 do que a Valtra mas a marca finlandesa redime-se no escalão >200cv, com 11 tratores matriculados, mais 7 do que a Fendt.

 

Reboques
Os dados relativos a Janeiro/Fevereiro de 2023 não foram disponibilizados.

Linhai líder nos ATV e Polaris dá salto nos UTV
Numa análise ao mercado de vendas de ATV (Veículos todo o terreno) e UTV (Veículos utilitários multitarefas) nos primeiros dois meses do ano, a Linhai mantém a liderança de vendas de ATV, com 61 veículos matriculados, ainda que registe uma quebra acentuada (-45,05%) em relação ao mesmo período do ano passado. Quem, desta forma, reduziu distâncias foi a CF Moto, que matriculou 55 ATV, crescendo em relação aos 49 registados em fevereiro de 2022. Nos UTV, o cenário já é diferente: depois de uma disputa renhida entre CF Moto e BRP ao longo de 2022, os primeiros dois meses de 2023 apresentam um 'disparo' da Polaris para a liderança, com 27 veículos matriculados, mais dois do que a BRP e cinco do que a CF Moto. Nota para a quebra nos ATV em relação a fevereiro de 2022 – confirmando assim os números que vinha registando desde agosto do ano passado – e para o salto de crescimento de matriculações nos UTV: 92,73%.

 

Queda em Espanha chega aos 19,75%
O Ministério da Agricultura, Pesca e Alimentação de Espanha divulgou os dados relativos aos tratores matriculados no fim de fevereiro e a queda é similar à que Portugal registara em janeiro: foram registadas 1158 unidades, menos 285 (-19,75%) do que os 1443 tratores matriculados no final de fevereiro de 2022.

Ainda assim, a tendência apontada para os próximos meses é de quebra, “tendo em consideração o facto de o mês de fevereiro ter registado uma quebra de 28,68%, com 557 unidades matriculadas.” Segundo a revista espanhola Profesional Agro, “os dados da maquinaria automotriz também não são bons, com uma quebra de 12,19% e é a maquinaria rebocada ou suspensa que consegue que o conjunto de máquinas feche o mês acima do ano anterior”.

Mercado em Itália também desacelera
A Federação Italiana de Construtores de Máquinas para a Agricultura (Federunacoma) divulgou os resultados do primeiro bimestre do ano de 2023 e o resultado também é negativo em relação ao período homólogo de 2022, embora não atingindo os números de Espanha ou Portugal. Em Itália, o mercado decresceu 3% no total de janeiro/fevereiro - no total de 2022 havia caído 17,1% -, tendo sido matriculadas 3.223 unidades.

Ainda assim, Alessandro Malavolti, presidente da Federunacoma, não considera o cenário grave. "Ainda que os fabricantes continuem a reportar atrasos nas entregas, o cenário geral do mercado de tratores continua a mostrar-se favorável, tanto pelo arrefecimento dos preços como pela maior capacidade das empresas em administrar as variáveis relacionadas com o abastecimento aos clientes", referiu, numa conferência de imprensa dada na Agriumbria, feira dedicada à agricultura, alimentação e pecuária, que decorreu entre 31 de março e 2 de abril, em Perugia.
 

Barómetro de Negócios da Associação Europeia de Maquinaria Agrícola (CEMA)

Fevereiro de 2023 - Clima de negócios mantém tendência de subida

O índice geral do clima de negócios para a indústria de maquinaria agrícola na Europa manteve a tendência de subida significativa após a descida verificada no início da invasão da Ucrânia. Em fevereiro, o índice subiu de 30 para 36 pontos (numa escala -100 a +100). Não sendo previsível um desacelerar da procura no curto prazo, e que se tem apresentado em níveis altos, surge, finalmente, um alívio considerável na capacidade de resposta dos fornecedores.

Os estrangulamentos nas cadeias de produção continuam a desafiar a indústria e o volume de encomendas corresponde atualmente a um período de produção de 6.9 meses, o que constitui um novo recorde neste inquérito.

No entanto, a quantidade de encomendas não entregues atingiu também o seu máximo. Os fabricantes estão cada vez mais capazes de dar resposta às encomendas, o que aumenta o volume de negócios atual e as expectativas de volume de negócios.

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