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Geosuber desenvolve protótipo para cartografia de árvores secas em zonas de montado

16/12/2021

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Os fenómenos de perda de vitalidade e de morte súbita de árvores em manchas de montado tem vindo a acentuar-se nas últimas décadas. Verificada a seca das árvores, é preciso percorrer o terreno para as identificar, contabilizar e cintar, sendo depois feito um pedido de abate junto do ICNF.

Com a ferramenta Geosuber, que é resultado de um projeto liderado pela UNAC e que envolve também o ICNF, o ISA e a FCUL, passa a ser possível fazer a cartografia de árvores mortas com recurso a imagens aéreas. O projeto permitiu desenvolver um protótipo que é capaz de cartografar os sobreiros secos à escala da propriedade, fornecendo periodicamente ao gestor florestal informação atualizada.

Algoritmo identifica árvores verdes e árvores secas 
Na prática, o gestor obtém imagens aéreas da zona a analisar e aplica a essas imagens um algoritmo que vai fazer a identificação das árvores verdes e das árvores secas. A uma escala de pequena propriedade, a obtenção de imagens áreas pode ser feita com um drone. Mas, para áreas mais extensas, ou para áreas de maior complexidade florestal, com mais densidade e povoamentos mistos, é recomendado o recurso a imagens de satélite, de melhor qualidade, obtidas através dos serviços Sentinel 2 ou Pleiades.

Atuação conservadora por defeito
“O algoritmo atua, por defeito, de forma conservadora na identificação de árvores mortas para não se correr o risco de identificar árvores verdes como árvores mortas” explicou Conceição Santos Silva, coordenadora de investigação, demonstração e inovação da UNAC.

Redução de custos até 80%
As imagens de satélite de alta resolução têm uma dimensão predefinida e um custo de 0,15 Eur por hectare pelo que a sua aquisição justifica-se sobretudo para manchas florestais extensas. “À escala do proprietário florestal pode não fazer sentido a utilização de uma imagem de satélite de alta resolução, mas à escala de uma associação de produtores florestais, onde a área associada é contínua, a partilha destes custos entre os proprietários pode ser vantajosa, permitindo utilizar estas imagens de melhor qualidade” acrescenta Conceição Santos Silva.

Todavia, não obstante o custo das imagens, a coordenação do Geosuber aponta para uma redução de 80% dos custos operacionais, tendo em conta que a monitorização remota vai dispensar que se percorra toda a propriedade para fazer a identificação e marcação física árvore a árvore.

Apoio à atuação preventiva e localizada 
Ao identificar zonas com perda de vitalidade, e ao possibilitar a criação de um histórico, com a identificação exacta do local onde as árvores foram abatidas, o Geosuber vai permitir que se faça uma análise evolutiva. Perante esses dados, o gestor pode implementar respostas adaptativas localizadas para tentar inverter a tendência de declínio.

Constrangimentos
Para que o algoritmo possa ser aplicado, é necessário fazer uma georreferenciação prévia, que carece de atualização em períodos de 10 anos, ou eventualmente mais longos. E após o processamento automático, os resultados devem ser confirmados através da análise feita por um técnico, para avaliar a qualidade da informação obtida e eventualmente fazer ajustes.

Perspetiva de desburocratização junto do ICNF
A partir de janeiro de 2022 o sistema estará implementado nas organizações de produtores florestais filiadas da UNAC. A equipa de coordenação pretende inventariar anualmente as árvores secas em áreas piloto e aplicar melhorias ao algoritmo de modo a produzir cartografia mais fidedigna. Por agora, a legislação continua a exigir uma marcação física das árvores a abater. Mas, com o desenvolvimento da ferramenta e com a possibilidade futura de fornecer cartografia ao ICNF, perspetiva-se que o Geosuber venha a contribuir para desburocratizar a autorização de abate de sobreiros e azinheiras, o que pode incluir a migração do processo de requerimento de corte para uma plataforma digital.

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