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Entrevista

“Foram 17 anos extraordinários, que jamais esquecerei.”

27/03/2025

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Américo, são quase 73 anos de vida, mais de 60 a trabalhar. Como é que começou este percurso tão longo e intenso, mas bem-sucedido?
Lembro-me como se fosse ontem. Com apenas 11 anos vim do Porto para Lisboa e perdi a inscrição no liceu e, para não ficar sem fazer nada, a minha mãe levou-me pela mão a procurar trabalho nas lojas de Algés. Entrei na sapataria Bambi, e disseram logo: “Quer começar já amanhã?” E assim foi. Ou seja, a minha vida profissional começou a arrumar caixas e a limpar sapatos. Mas rapidamente, já estava a atender clientes, e percebi de imediato que o contacto com as pessoas era aquilo que mais gostava de fazer. Talvez até tenha sido aí que despontou a minha veia comercial.
Entretanto, apesar de ter falhado aquele ano no liceu, decidi ser trabalhador/estudante e tirei o curso Comercial em horário pós-laboral.

Foi um percurso longo e nem sempre fácil. Que momentos mais difíceis recorda?
Ao longo da minha vida tive várias ocasiões difíceis, mas também desde cedo percebi que a resiliência é uma qualidade nobre. Ainda na sapataria tive um conflito com uma responsável que me fez sair da sapataria a chorar, e nunca mais voltei. Mas também não baixei os braços e acabei por ir parar à Valentim de Carvalho, onde aprendi muito sobre organização e rigor, duas características que mantive para o resto da minha vida. Mais tarde, cheguei à FASSIO (que na altura era importadora da International Harvester Company e da Antonio Carraro e, mais tarde, da John Deere), entrando no fascinante mundo das máquinas agrícolas, setor de atividade que se tornou uma verdadeira paixão.

Esteve 25 anos na FASSIO. O que tornou essa fase tão especial para si?
A paixão pelas máquinas agrícolas nasceu e cresceu ali. Comecei como escriturário, era responsável por registos e conservatórias, bem como pelo contato com a Direção Geral de Viação. Após o serviço militar, voltei à mesma empresa, mas havia uma Comissão de Trabalhadores e disseram-me que eu não iria para o mesmo departamento: queriam que eu trabalhasse com o engenheiro Álvaro Coutinho, na área das vendas. Eu tinha uns 23 anos. Nunca tive medo de trabalhar, por isso aceitei. O engenheiro, que era agrónomo, era uma excelente pessoa. Abriu-me portas, levou-me às feiras... No fundo, ensinou-me tudo o que sei. Tornei-me inspetor de vendas, e fui percorrendo Portugal inteiro. Trabalhei com marcas incríveis como a International Harvester (hoje Case IH), a Antonio Carraro, a Kuhn, entre muitas outras. Foram anos onde cimentei amizades profundas e aprendi coisas para a vida inteira.

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